Empresas do Norte lideram candidaturas aos vales Indústria 4.0

E, em breve, NOVAS CANDIDATURAS ATÉ 12 MILHÕES DE EUROS

A maioria das candidaturas recebidas até ao momento no âmbito do concurso aos vales Indústria 4.0 são para o Programa Operacional Regional do Norte (Norte 2020), revela a secretária de Estado da Indústria, Ana Teresa Lehmann.

Em entrevista à “Vida Económica”, a governante, em funções desde meados de julho, garante que a adesão das empresas a estes apoios “tem sido bastante positiva”, tendo já sido registadas “221 candidaturas nos quatro programas operacionais”.

Mas este é apenas o primeiro aviso, com uma dotação de 4,2 milhões de euros dos 12 milhões disponíveis no âmbito da estratégia para a Indústria 4.0. O objetivo, assegura Ana Teresa Lehmann, é que sejam “abertas, em breve, novas fases para a parte remanescente da dotação total, até perfazer os referidos 12 milhões de euros”.


VE – Qual é o objetivo específico destes vales?
ATL – Estes apoios, cujo aviso foi publicado no início de agosto e tem a duração de um ano, visa atribuir vales até 7-500 euros a PME que pretendam adquirir serviços de consultoria para identificar estratégias para adotar tecnologias da Indústria 4.0. Em causa estão empresas que querem implementar sistemas de comércio eletrónico, melhorar a posição em motores de busca ou apostar em marketing. Também se destina a empresas que queiram processos como a realidade aumentada, ‘big data’ ou sistemas de inteligência artificial e ainda para a contratação de serviços de terceiros, como a assistência técnica. Em linhas gerais, o objetivo é apoiar a adoção de tecnologias que permitem mudanças disruptivas nos modelos de negócio de micro e PME.

VE – Que espectativa tem quanto aos efeitos destes apoios no tecido empresarial?
ATL – Estou convicta que será uma medida muito importante para a modernização e a competitividade da indústria e que vai ajudar muitas empresas a darem os primeiros passos no caminho da digitalização, tornando-as mais competitivas, inovadoras e internacionalizadas.

VE – Todas as PME de todos os setores de atividade se podem candidatar?
ATL – Todos os setores podem beneficiar de modernização e inovações tecnológicas que permitem tornar as empresas mais eficientes e competitivas. A aposta no digital e em sites’ bem estruturados ou na implementação do e-commerce’, por exemplo, permite às empresas a criação de montras para os clientes internacionais, o que leva a uma maior exposição e penetração em mercados externos, reforçando a componente de internacionalização, fundamental para o crescimento e criação de riqueza.

VE – O Governo apenas disponibilizou 4,2 milhões de euros do Portugal 2020 para apoiar a digitalização da economia, sabendo-se que, por exemplo, só o setor do calçado tem previstos investimentos de mais de 50 milhões de euros na indústria 4.0. Não lhe parece que os 4,2 milhões são insuficientes?
ATL – A dotação prevista para os Vale Indústria 4.0 é de 12 milhões de euros, segundo foi definido na estratégia para a Indústria 4.0, da qual esta medida faz parte. Estes 12 milhões de euros visam apoiar 1.500 empresas com um financiamento de até 7-500 euros. Este é apenas o primeiro aviso, com uma tranche de 4,2 milhões de euros dos 12 milhões de euros disponíveis. Esta dotação do FEDER está distribuída em seis programas operacionais e os incentivos são calculados através da aplicação às despesas consideradas elegíveis a uma taxa de 75%. No Programa Operacional Regional de Lisboa, os incentivos a conceder no âmbito deste aviso são calculados através da aplicação de uma taxa de 40% às despesas consideradas elegíveis. O objetivo é que sejam abertas, em breve, novas fases para a parte remanescente da dotação total, até perfazer os referidos 12 milhões de euros. Obviamente que não excluímos que possam existir novas oportunidades e linhas neste sentido, após realizada a devida avaliação.

VE – O Governo admite então rever em alta esse montante de apoios à indústria 4.0 e alargar também a base das empresas apoiadas?
ATL – Os Vales Indústria 4.0 são uma do vasto conjunto integrado de medidas no âmbito da estratégia para a Indústria 4.0.
Esta estratégia conta com vários instrumentos de financiamento para as empresas para investir em recursos para a transformação digital da economia. Está prevista a mobilização de fundos europeus estruturais e de investimento até 2,26 mil milhões de euros de incentivos, com os apoios disponibilizados através do Portugal 2020. Todos os setores podem beneficiar das novas tecnologias para otimizar o processo produtivo e a comercialização. Com a indústria 4.0 as empresas podem apostar na fusão de métodos de produção com os mais recentes desenvolvimentos na tecnologia de informação e comunicação, uma tendência impulsionada pela digitalização da economia e sociedade. Não há razões para nenhuma área de atividade ficar de fora da quarta revolução industrial.

VE – E para além destes apoios no âmbito da indústria 4.0, o que é que está previsto para apoiar as empresas?
ATL – Além da Indústria 4.0 queremos apoiar o financiamento e a capitalização das empresas para que estas possam crescer e reestruturar-se, através do Programa Capitalizar. A iniciativa vai ao encontro das prioridades do Governo: o relançamento da economia portuguesa, a criação de emprego, a redução do elevado nível de endividamento e a melhoria de condições de investimento das empresas. E a primeira vez que se faz uma reforma de fundo no modo como as empresas se financiam e capitalizam. Entendemos que estão criadas as condições para as empresas portuguesas poderem abraçar esta mudança económica e tecnológica, tornando a indústria portuguesa mais competitiva, mais inovadora e mais internacionalizada.

Fonte:AICEP