Mercado: França

Com 66 milhões de habitantes, a França é o 2º país com maior população da União Europeia; a 6ª maior economia mundial (a 3ª da União Europeia), em termos de PIB (Banco Mundial); o 6º exportador mundial de bens e serviços; o 14º emissor mundial de investimento direto estrangeiro; o 5º maior mercado mundial emissor de turistas e o 1º destino turístico do mundo (cerca de 83 milhões de turistas, em 2016).

A França é atualmente um dos principais parceiros comerciais de Portugal. Em 2016, a França foi o 2º cliente e o 3º fornecedor de bens e serviços portugueses, com uma quota de 13,4% nas nossas exportações e 7,9% das importações. As exportações nacionais de bens e serviços para França cresceram 7,8%, face ao ano de 2015, e alcançaram 10 117 milhões de euros, enquanto as importações totalizaram 6 010 milhões de euros (8,4% do total), o que representou um crescimento de 6,7% face ao período homólogo do ano anterior. Nesse ano, o saldo da balança comercial de bens e serviços continuou a ser favorável a Portugal com um valor de 4 107 milhões de euros.

Em termos de investimento, a França é, tradicionalmente, um dos maiores investidores estrangeiros em Portugal ocupando, no final de 2016, a 5ª posição, em termos de stock de investimento, e de acordo com o principio direcional, com investimentos no valor de 5 384 milhões de euros, e que representam 2% do total do investimento direto estrangeiro captado por Portugal. Atualmente, estima-se que estejam instaladas em Portugal cerca de 600 empresas francesas (37 dos 40 grupos franceses do CAC 40 estão presentes em Portugal) que geram um volume de negócios anual de 14,3 mil milhões de euros e que asseguram perto de 62 000 postos de trabalho (fonte: Câmara de Comércio e Industria Luso-Francesa).

Quanto aos fluxos de investimento de Portugal para França, em termos de stock de investimento, e de acordo com o princípio direcional, alcançaram, no final de 2016, cerca 988 milhões de euros e 5,4% do total, o que colocou este país como o 10º mercado de destino do investimento direto português no exterior. Nesta altura, existem cerca de 100 empresas de diversos setores de atividade com investimentos diretos em França.

No que se refere ao turismo, há a referir um aumento exponencial, sobretudo nos últimos 4 anos, de turistas franceses que visitaram Portugal (passaram de cerca de 800 mil a mais de 2 milhões de turistas), ao elevado número de ligações aéreas semanais a partir de aeroportos franceses (cerca de 500 ligações semanais de 22 aeroportos franceses) e ao facto de França ter constituído, em 2016, o 1º mercado gerador de receitas para a hotelaria global portuguesa (18,0% do total e um valor 2 277,3 milhões de euros), à frente do Reino Unido (17,9%), Espanha (12,9%) e Alemanha (11,7%).

Merece também especial destaque o peso crescente das empresas ligadas à diáspora portuguesa em França ou a luso-descendentes que se estimam em cerca de 45 000 firmas, nos mais diversos setores de atividade económica e que têm um papel muito relevante na sustentabilidade e no reforço das relações económicas bilaterais.

O Governo francês incentiva a entrada de capital estrangeiro no país através da disponibilização de um leque alargado e diversificado de apoios públicos às empresas, em função das características do projeto (ex.: investimento produtivo; criação de postos de trabalho; investigação, desenvolvimento e inovação; formação), da sua localização (zonas de desenvolvimento prioritário ou não) e do tipo de empresa. Os investimentos que protejam o ambiente podem, também, beneficiar de apoio financeiro.

Neste contexto, a agência governamental Business France surge como um interlocutor privilegiado dos investidores estrangeiros, cabendo-lhe, nomeadamente, facilitar o contacto entre os promotores e os vários organismos públicos franceses que concedem apoios financeiros, quer a nível central (Estado), quer das coletividades locais.

No que concerne à presença portuguesa no mercado francês, é de salientar que esta tem vindo a aumentar, estimando-se que existam cerca de 100 empresas com investimentos diretos neste país, em setores tão diversos como a construção e obras públicas, banca, bens alimentares e bebidas, equipamentos metálicos, vestuário, turismo e hotelaria, comunicações, consultoria, indústria transformadora e comércio.

Distribuição Alimentar

Em 2017, França foi o segundo cliente das exportações portuguesas de produtos alimentares em valor e o primeiro de vinho e de conservas de peixe. Em volume, foi o primeiro destino de produtos hortícolas, o segundo de pastelaria e de fruta e o quarto de cerveja. Face ao ano anterior, o valor das exportações de tomate fresco aumentou 30%, as de outros tipos de fruta fresca subiu 46%, as de produtos de padaria e pastelaria 28%, e as de peixes congelados 22%.

Produtos como os vinhos, as frutas e os legumes, os laticínios, a padaria e pastelaria, continuam a ter boas oportunidades no mercado francês.

Com uma despesa alimentar anual per capita superior à média europeia, em 2016, França contava com cerca de 67 milhões de habitantes, dos quais 1,3 milhões de origem portuguesa. Os agregados familiares franceses gastam, em média, mais de 6 000 euros em consumo alimentar (15% das despesas das famílias).

O mercado dos produtos alimentares portugueses em França beneficia da procura contínua por parte dos portugueses e seus descendentes, do dinamismo dos distribuidores e grossistas de produtos portugueses, do aumento do número de lojas e supermercados, da experiência da distribuição alimentar francesa em Portugal e, mais recentemente, da abertura de lojas gourmet de produtos alimentares portugueses que se posicionam num segmento de qualidade média alta.

A crescente visibilidade dos produtos alimentares portugueses, o aumento da sua procura por parte dos turistas franceses que visitam Portugal a par da curiosidade e do interesse pela cultura portuguesa revelados nos últimos anos pelos franceses, representam a maior oportunidade para os produtores do setor agroalimentar de Portugal.

Mercado de Calçado de Couro

Em 2017, França foi o terceiro importador mundial de calçado de couro e o primeiro cliente destes produtos portugueses. Em contraciclo com o aumento do valor das importações francesas de calçado de couro, as expedições portuguesas para o mercado estão a baixar e a quota de França nas saídas do setor tem vindo a reduzir-se nos últimos cinco anos.

O mercado tem sofrido várias mutações, que têm obrigado os diferentes intervenientes a adaptar-se à realidade atual. As transformações têm as mais diversas origens, desde a alteração da relação entre os canais de distribuição, à instabilidade dos padrões de consumo, sem esquecer as dificuldades/oportunidades que o desenvolvimento tecnológico constante traz consigo.

O calçado produzido em França distingue-se pela qualidade e inclui, nos seus pontos fortes, a inovação e a criatividade, sendo o seu processo de criação considerado uma forma de arte e os produtos que dela resultam uma referência para o mundo da moda. A par da diminuição da produção, França detém um lugar destacado tanto como importador como exportador do setor e as trocas externas francesas de calçado continuam a aumentar nos dois sentidos.

Os canais de distribuição são constantemente influenciados por diversos fatores que podem ir desde o comportamento dos consumidores, ao desenvolvimento das tecnologias de informação e até à localização dos próprios pontos de venda.

As lojas de desporto lideram o volume de vendas e têm sido o canal com maior progressão, enquanto as grandes superfícies especializadas estão a sofrer forte concorrência no mercado pela emergência do calçado nas lojas de pronto-a-vestir e pela crescente popularidade das vendas online. As cadeias de lojas especializadas têm verificado uma evolução positiva, enquanto os retalhistas especializados independentes sofrem quebras de receitas há vários anos.