Inquérito mostra que quatro em cada cinco empresas consideram que os apoios do Estado estão aquém do necessário. Dois terços das empresas que pediram financiamento ainda não o recebeu.
Mais de metade das empresas pretende manter, parcial ou totalmente, o investimento que tinha previsto para o corrente ano, antes da pandemia de covid-19, conclui o inquérito promovido pela CIP – Confederação Empresarial de Portugal e pelo Marketing FutureCast Lab do ISCTE, hoje divulgado. Antes da crise de saúde pública, quatro em cada cinco empresas previam investir em 2020, nomeadamente na capacidade produtiva e em instalações.
O inquérito feito às empresas portuguesas sobre as suas perspetivas de investimento e necessidades de capitalização conclui que mais de metade das empresas considera não ter uma estrutura de capital adequada aos investimentos previstos no início do ano, tendo em conta a situação de exceção, e 82,2% recorrerá a instrumentos de capitalização, se forem criados.
A CIP propôs a concretização de um plano para alavancar a retoma da economia portuguesa, que inclui, entre outras medidas, a criação de instrumentos de capitalização das empresas, o reforço das linhas de crédito de apoio e o reforço dos seguros de crédito para exportação.
“Esta situação e exceção que vivemos afetou significativamente os projetos de desenvolvimento das empresas, mas o que este inquérito nos diz é que mais de 58% das empresas que planeavam investimentos vão mantê-los, na totalidade ou parcialmente”, afirmou o presidente da CIP, António Saraiva.
“Isto mostra que as empresas portuguesas estão a trabalhar para retomar a atividade e que estão comprometidas com serem um motor para a recuperação da economia”, disse, acrescentando que, “para que esta recuperação seja possível, é necessário que o Estado também cumpra a sua parte”.
Os dados do inquérito – a que pode aceder aqui – desenvolvido pela CIP, através das associações que a integram, mostram uma avaliação negativa que os empresários e gestores fazem dos apoios do Estado, com quatro em cada cinco empresas a considerarem que estão aquém do necessário.
Acresce que é registado o aumento da proporção de empresas que já pediu ou tencionar pedir acesso às linhas de financiamento definidas, mas que mais de dois terços das empresas que já solicitaram esses apoios ainda não o receberam.
Este é o quarto inquérito do Projeto Sinais Vitais, uma iniciativa inédita desenvolvida em conjunto pela CIP e pelo Marketing FutureCast Lab do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, que tem como objetivo recolher informação credível e atualizada sobre o que pensam os empresários e gestores de topo das empresas portuguesas, no quadro da atual situação de exceção.