Presidente da Ceval fala sobre o PRR ao jornal Vida Económica

O presidente da Ceval, Luís Ceia deu entrevista ao Jornal Vida Económica sobre o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e sobre os Fundos do PT2030, onde não se mostra surpreendido pelo facto dos fundos privilegiarem mais o setor público do que o setor privado.

Excerto da notícia publicada no jornal Vida Económica:

“Sempre foi nossa convicção que o PRR é muito mais amigo do Estado do que das empresas, a parte atribuída ao setor privado compara mal com a dirigida ao setor público. Apesar de alguns investimentos feitos no setor público recorrerem à contratação de empresas privadas, estas sinergias esgotam-se com o fim das empreitadas”, afirmou à “Vida Económica”. “A escassez de capitais próprios e os constrangimentos no acesso ao crédito, agravado pelo substantivo aumento das taxas de juros, é um fator condicionante da boa execução dos investimentos aprovados do setor privado. A escassez de mão de obra, de matérias primas – cadeias logísticas muito afetadas pelo cenário político internacional – assim como o custo de aquisição das mesmas devido à inflação galopante, são também fatores que podem ajudar a explicar a baixa execução”, acrescenta Luís Ceia. Sobre o que deveria ser feito para acelerar a execução dos fundos, acrescenta: “Impõem-se uma visão estratégica sobre os estrangulamentos que afetam a economia e redirecionar os recursos que venham a estar disponíveis para o setor empresarial, colocando as empresas no centro do Programa”.

“Um PRR excessivamente centrado no Estado e no investimento público tende a substituir a despesa corrente do Estado, ao invés de apoiar medidas que criem um ambiente favorável ao estímulo e criação de riqueza. O acesso ao crédito pelas PME deve ser facilitado, devendo para tal o Banco de Fomento ter um papel activo, nomeadamente ao criar condições para simplificar processos e instruir campanhas de literacia financeira que elucidem os pequenos sobre os novos produtos financeiros disponíveis.” “Os projetos apoiados, nomeadamente nas Agendas Mobilizadoras, devem introduzir valor no mercado, caso contrário esgotam-se em si mesmos. A avaliação dos resultados deve ser feita pela aceitação pelo mercado dos outputs do projeto e não pelo grau de execução do investimento.” “O aumento da eficácia das estruturas administrativas que operacionalizam o PRR através da desburocratização de processos, requalificação e reforço dos seus quadros técnicos, será porventura a medida mais imediata e eficaz para melhorar os indicadores do Programa”, conclui Luís Ceia.