O presidente da Confederação Empresarial do Alto Minho (CEVAL), Luis Ceia diz estar “preocupado” com o impacto do ‘Brexit’ nas 29 empresas localizadas na região que exportam para o Reino Unido e adiantou que aquela estrutura irá iniciar contactos com as empresas em causas no sentido de disponibilizar apoio e, em conjunto, encontrarem “soluções alternativas”.
“Do levantamento que fizemos identificámos 29 empresas localizadas no Alto Minho que exportam para o Reino Unido. Estamos preocupados com o impacto do ‘Brexit’ e vamos contactar essas empresas para reunirmos e ver de que forma podemos ajudar e, em conjunto, estudar mercados alternativos para exportação, aproveitando os mercados que se abrirão com a saída do Reino Unido da União Europeia”, afirmou o presidente da CEVAL, Luís Ceia.
O responsável da CEVAL, estrutura que representa cerca de 5.000 empresas do distrito de Viana do Castelo, adiantou que “as empresas em causa, de capitais maioritariamente portugueses, são sobretudo do setor agroalimentar, exportando ervas aromáticas, carnes, enchidos e fumados, do setor têxtil, madeiras e mármores”.
“Segundo dados da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), o Reino Unido é o quarto país para onde o Alto Minho mais exporta, gerando um total de 134 milhões de euros de receitas, correspondente a 8% do total de exportações da região”, disse Luís Ceia que é também presidente da Associação Empresarial de Viana do Castelo (AEVC).
Luís Ceia revelou que “os dados de 2017, ainda com o Reino Unido na União Europeia, indicam que 90,4% das exportações do Alto Minho são intracomunitárias, o que agrava a preocupação dos representantes dos empresários alto minhotos que alertam para a necessidade dos diferentes atores da região se unirem e anteciparem medidas de proteção e estímulo para a economia do Alto Minho”.
O presidente da CEVAL defendeu que “o Alto Minho deve aproveitar este momento para se posicionar como parceiro privilegiado nas relações comerciais com o Reino Unido, constituindo-se como uma ponte para a Europa”.
“Este é o momento para diversificar os mercados de exportação das empresas alto minhotas, aproveitando os mercados que se abrirão com a saída do Reino Unido da União Europeia, e de incrementar a diplomacia e o ‘networking’ económico com aquela região, implementando novos modelos de cooperação empresarial e de captação de investimento para o Alto Minho”, sustentou, sublinhado que, perante “o clima de mudança e incerteza que se avizinha, relativamente às consequências do ‘Brexit’ para a Economia, a CEVAL está apreensiva com o potencial efeito negativo nas exportações do Alto Minho para o Reino Unido”.
“Estas preocupações decorrem do estudo “Brexit: As Consequências para a Economia e para as Empresas Portuguesas”, realizado por especialistas da Ernst & Young – Augusto Mateus & Associados para a CIP – Confederação Empresarial de Portugal.
Segundo aquele estudo, explicou o responsável, “é estimado que o ‘Brexit’ tenha um impacto negativo entre 0,5% e 1% no PIB nacional, originando um efeito negativo de 15% nas exportações portuguesas para o Reino Unido num cenário mais otimista, chegando mesmo aos 26% de perdas potenciais num cenário mais negativo, em que não exista qualquer acordo entre o Reino Unido e a União Europeia”.
Para Luís Ceia, “esta preocupação agudiza-se ainda mais quando se conclui que ao nível da exportação de bens, o Alto Minho, tendo em conta a sua especialização produtiva, está entre as regiões mais sensíveis aos riscos deste processo”.
“Setores como o da energia e dos componentes de automóveis, sendo dos mais relevantes para a região, são também dos que mais exportam para o Reino Unido, aumentando a inquietação dos responsáveis da CEVAL”, referiu.