AEP Link coloca PME na dianteira do crescimento, numa parceria com a CEVAL (Confederação Empresarial do Alto Minho) para fazer crescer o País.
«Quem é responsável por fazer crescer o País? As empresas. E é colocando as empresas a crescer que se faz crescer Portugal a par das médias europeias», assegurou o economista Pedro Janeiro na 2ª feira na abertura do Link Lab Viana do Castelo, o primeiro encontro do projeto AEP LINK que percorrerá até outubro 12 cidades do Norte, Centro e Alentejo, para promover a competitividade no tecido empresarial. «Este é o roteiro para o crescimento que apoia as empresas a crescer, é um projeto que procura identificar as verdadeiras necessidades dos negócios, que dá ferramentas e apoio com a chancela da maior associação empresarial de Portugal, com um know-how inestimável».
O encontro, que decorreu desde as 9:00 até às 15:00 horas numa unidade hoteleira de Viana, abriu com uma apresentação do AEP LINK, projeto da AEP, com o envolvimento da Deloitte e com os parceiros tecnológicos Iberinform, Crédito y Caución e Konica Minolta, que pretende promover a cooperação e “coopetição” do tecido empresarial, nomeadamente oferecendo ferramentas às PME focadas em três pilares essenciais à competitividade – investimento, inovação e economia digital.
As intervenções, moderadas pelo jornalista Jorge Montez, mostraram as experiências de quatro empresas de setores diversos, do público e do privado, no desafio da transformação digital, um dos temas em destaque no projeto AEP Link, uma iniciativa da Associação Empresarial de Portugal com o envolvimento da Deloitte, e as parcerias da Konica Minolta, da Crédito y Caución e da Iberinform.
«Portugal precisa de crescer, nunca os nossos níveis de investimento foram tão baixos. Estamos a divergir das médias comunitárias de competitividade e inovação», alerta Pedro Janeiro, questionando «como podemos atribuir valor acrescentado a cada negócio? Sabendo do que precisam, e só recolhendo o testemunho dos empresários, no questionário nacional que o AEP LINK está a promover aqui, se pode encontrar as soluções certas para as necessidades e ansiedades dos empresários».
«A inovação, a inserção na economia digital são essenciais à competitividade, porque reduzem custos e alcançam novos mercados. Mas como saber exatamente de que precisam as empresas? Só fazendo um diagnóstico às PME podemos resolver os seus prolemas, conhecer as suas necessidades, que clientes e fornecedores procuram, em que áreas».
Foram ainda elencados as restantes ferramentas à disposição das PME, nomeadamente o dashboard interativo da performance empresarial (aqui), um repositório dinâmico e em atualização contínua com informação para as empresas. Aqui podem ser comparados os indicadores mais relevantes para a tomada de decisão dos empresários, com a informação real da economia, por regiões e setores de atividade (nomeadamente a economia regional, performance empresarial, pessoal/recursos humanos e investimento), de forma muito intuitiva.
O projeto pretende criar uma rede de cooperação nacional, respetivamente através do registo e promoção de oportunidades de negócio e parcerias, pelas próprias empresas, de forma gratuita, no portal do projeto. «É possível partilhar e consultar oportunidades de negócio e colaboração, assim como acompanhar o diretório de negócios registados para consultar potenciais parceiros para cada empresa. O portal identifica ainda matches de oportunidades, ou seja, encontra oportunidades semelhantes registadas por outras empresas para que encontre os seus potenciais parceiros». Podem registar-se empresas, investidores, e organizações/entidades como municípios, associações ou grupos de empresas, entre outras.
Empresários analisam as razões da falta de competitividade no tecido empresarial
«Agregar valor e criar capital são os principais problemas estruturais da economia portuguesa»
No painel sobre investimento do primeiro encontro do Projeto AEP LINK, foram analisados os principais obstáculos ao investimento em Portugal, tendo em conta o investimento historicamente baixo que se regista, sendo que a esmagadora maioria do investimento efetivado é proveniente de fundos comunitários. Promovido pela Iberinform, e moderado pelo jornalista do Diário do Minho Francisco de Assis, o painel contou com a intervenção de João Castro Pinheiro, diretor geral da Netinvoice, que considerou existirem dois problemas estruturais na economia portuguesa: agregar valor e criar capital. Isto significa que, se por um lado as empresas não têm estabilidade fiscal para saber com que regras investem, por outro lado há uma grande dificuldade de liquidez, nomeadamente para fundo de maneio/tesouraria e para o investimento.
«Não há investimento porque não há capacidade para equilibrar tesouraria sem recorrer a endividamento. Não devo estar 100% apoiado em dívida para me manter ativo, é errado e penaliza as empresas, apesar das conceções culturais erradas que foram sendo criadas neste tema, que felizmente começam a ser desmistificadas no tecido empresarial.»
Cumulativamente, as dificuldades de liquidez criam dificuldades de pagamento entre negócios, «que são muito penalizadoras para todo o tecido empresarial. Felizmente há muitas ferramentas de investimento disponíveis, que permitem equilibrar esta questão e dar ao mercado o fôlego de que precisa para crescer, porque temos de facto dos empresários mais empreendedores, abnegados e corajosos que há». Também Pedro Magalhães, diretor de negócio da IFD, considera um dos fatores de entrave ao investimento o acesso a financiamento, considerando que a customização de soluções a este nível é absolutamente essencial porque «as soluções que servem uma empresa não servem outra».
Moderada por Marco Araújo, do jornal O Minho, a mesa sobre Inovação, dinamizada pela Crédito y Caución, abordou as formas que têm encontrado as empresas para contornar a difícil realidade pós troika. Nuno Neves, diretor executivo da Neves & Neves, partilhou a sua experiência, admitindo que «sacrificando fortemente as margens de negócio. É penalizador, e é com dificuldade que nos readaptamos». Para o empresário arriscar e inovar «é complicado, porém, todos os dias tentamos acrescentar valor ao nosso serviço, envolvendo os colaboradores para prestar um serviço de qualidade, um pacote de produtos integrado aos nossos clientes, para que eles se possam concentrar na sua atividade».
Joana Santos, diretora da ESTG do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, analisou o papel das instituições de ensino e da formação para que os jovens promovam a inovação nas empresas que irão integrar. Para a docente, passa por vários fatores, nomeadamente pela coesão territorial e pela mudança de paradigma: «Estamos a mudar a forma como trabalhamos, mais para fora, e as empresas também têm de nos ver como parceiro».
«A cooperação direta com o mercado é crítica», considera, «estamos a criar talento para as organizações, a sociedade tem que se apropriar desse talento. É essencial que as empresas nos contactem e nos apresentem os seus projetos, nos desafiem para trabalharmos em conjunto». «Temos empresas completamente envolvidas no nosso processo formativo, e que percebem que isso lhes traz valor, e que contribui para a inovação, porque prepara os estudantes para as necessidades do mercado».
Nuno Neves considerou a parceria escola-empresas muito importante, destacando a importância dos estudantes integrarem mais cedo as empresas «para viverem o contexto-empresa durante o processo de formação, e termos profissionais mais preparados».
Júlio Soares, membro do conselho de administração da CCAM Noroeste, destacou a grande vontade de inovar dos empresários portugueses, e salientou a importância da confiança e proximidade, relevando a necessidade de se colocar «nos ‘sapatos’ dos clientes». Partilhou ainda os fatores que contribuem para tornar um projeto mais propício à obtenção de financiamento: «há que analisar a credibilidade e a capacidade de comunicação; ter projetos realistas e bem estruturados, com contas bem feitas e a demonstração de resultados».
Os Link Labs continuam com um encontro na próxima terça-feira, dia 9 de abril, no Altice Forum Braga, em Braga, pelas 9h00. O projeto AEP Link é cofinanciado pelo Compete 2020, pelo Portugal 2020 e pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).