Considerando a emergência social e humana que todo o país atravessa, e perante a incerteza que se avizinha, para fazer face à repercussão e ao impacto económico como consequência do surto de COVID-19, a Confederação Empresarial do Alto Minho, vem por este meio demonstrar a sua extrema preocupação com as consequências económicas da restrição de circulação nas fronteiras Alto Minho / Galiza anunciado pelos governos de Portugal e Espanha.
Compreendendo e concordando com a medida, que exige dos Alto Minhotos a maior responsabilidade e serenidade, e reconhecendo a sensibilidade do executivo em limitar a circulação a mercadorias e trabalhadores transfronteiriços, mitigando assim os possíveis efeitos nefastos do fecho de fronteiras, a CEVAL não pode deixar de temer o impacto que esta limitação terá na economia da região, apelando Primeiro-Ministro, António Costa, medidas compensatórias adicionais às já anunciadas, para fazer face às previsíveis consequências para a economia da principal zona de fronteira Portugal / Espanha.
Espanha é o principal destino das exportações portuguesas, sendo que se a Galiza fosse um país, seria o sexto destino das nossas exportações, com um volume três vezes superior ao do Brasil.
Segundo os últimos dados do EURES Transfronteiriço Portugal / Galiza, existem 4446 Espanhóis a trabalhar no Norte de Portugal, 2010 em Viana do Castelo. O número total de Espanhóis residentes em Espanha e a trabalhar no Norte de Portugal cifra-se nos 2659, sendo que 1816 trabalham também no Alto Minho. Já quanto ao número total de Portugueses a trabalhar na Galiza é de 9089, sendo que destes, 622 vivem em Portugal e atravessam a fronteira diariamente.
Quanto ao número de veículos que atravessam as 5 fronteiras que ligam o Alto Minho à Galiza é de 31.190 veículos por dia, que corresponde a 47% do total global de veículos que todos os dias cruzam as fronteiras entre Portugal e Espanha.
Face a estes números, e reafirmando a sua concordância com a medida, a CEVAL teme que depois do flagelo social que esta pandemia está já a trazer a vários países europeus, também o Alto Minho sofra as consequências deste surto, receando a crise económica que daí possa advir.
Se a tomada de decisão pela restrição de circulação nas fronteiras nos parece pertinente a ajustada face aos desenvolvimentos relacionados com o COVID-19, a Confederação Empresarial do Alto Minho não pode deixar de temer o impacto que tal medida terá em setores como o do Turismo, da Restauração, ou Hotelaria, bem como noutros setores da atividade empresarial caso haja necessidade do fecho total de fronteiras.
Face a tudo isto, a CEVAL fará chegar ao Primeiro Ministro uma missiva explanando estas preocupações e solicitando a atenção necessária, face à especial condição do Alto Minho e da sua relação com a Galiza, na antecipação de medidas compensatórias adicionais às recentemente anunciadas pelo Governo de Portugal.
A CEVAL entende como pertinentes e necessárias as medidas que estão a ser tomadas pelo Governo de Portugal, e reafirma a sua total concordância com as mesmas, incentivando medidas mais drásticas, caso estas sejam necessárias para fazer face a esta pandemia, e espera que as eventuais consequências negativas que esta crise possa trazer depois de mitigada sejam acauteladas para bem do Alto Minho e de Portugal.